KindS of Blue...: abril 2012

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O mundano ofício de escrever




Por tanto tempo ando longe de minhas próprias letras. Na falta de tempo (admito: isso não é desculpa) apenas anoto percepções mínimas buscando o todo em pouco, num universo de sentimentos para posterior uso e referência. Meus dias estão preenchidos e atribulados mas, felizmente, me ocupo agora no ofício de redator publicitário (em estágio, ainda, mas com muito ânimo!) e trabalho as palavras para um fim generalizado: comunicar!

Escrever para as gentes, mais do que nunca, agora, é meu dever. Comunicar produto, ideia, uma simples saudação ou um convite é bom e apesar das vindouras discussões com clientes ("aqui não tem vírgula", "isso tá redundante", "essa palavra não cabe aqui") me sinto bem e realizado. Claro, trabalho é isso mesmo e a gente passa por muitos percalços até que tudo saia corretinho. Minha Gramática do Pasquele está sempre à mão e trabalhar em equipe também é essencial. Como resultado, hoje saiu um anúncio redigido por mim no jornal O Povo (página 12 do caderno principal, confiram!) com a arte feita por meu colega Diego Aragão. Nossa, bateu aquela sensação bacana, de dever cumprido, de ver aquele texto que você concebeu chegar aos olhos do público. Satisfação!

Por me sentir assim tão mais próximo das palavras, volto-me agora mais intensamente para meu muito humilde acervo literário em casa. (Re)visito meus mestres Mário Quintana, Drummond e Neruda na poesia e bebo de sua ambrósia lírica em versos eternizados. Me perco novamente nos entrelaçamentos do coração humano e tento desvendar o labiríntico mistério do conviver nas fantásticas obras do israelense Amós Oz, certamente um de meus autores favoritos a quem sempre recorro. Livros, livros... os mais sábios e silenciosos companheiros.

No momento, me detenho nos pequenos e fabulosos versos do cearense Horácio Dídimo no livro "A palavra e a Palavra", o qual devo ter lido pela última vez na época em que ainda prestava vestibular. Faz tempo... Meu reencantamento vem pela simplicidade a cada curto poema - quase como um hai-kai - que tanto me lembram o mestre Quintana: vida, fé, esperança se enlaçam com passagens bíblicas nesta obra, conectando a palavra (mundana) com a Palavra (divina) em sábias paisagens líricas. Recomendo esta obra.

Isso tudo é pra dizer a importância de estarmos sempre bem perto das letras. Comunicar é importante e lhes garanto que o processo de escrever para anúncios é estressante - acreditem: escrever uma única frase pode levar um dia inteiro, fora todo o processo de enviar ao cliente, corrigir, aprovar, alterar, adequar, etc. Mas é algo prazeroso e extremamente divertido! Espero continuar bem nesta vindoura carreira e encorajar aos aspirantes a sempre escrever bem e mais. Nossa Língua Portuguesa é bela, rica e encantadora e precisamos preservá-la.

Quanto a meus versos aqui, estes estão em processo de maturação. Em breve voltarei com novidades. São tantas experiências e relances do cotidiano que o tempo de olhar pra mim e pro mundo não é mais o mesmo. A gente muda, o olhar muda, mas a essência está ali, observadora e reflexiva. Hoje, muito mais ouço do que falo. E guardo minhas melhores palavras para, no melhor momento, falar a quem quer bem ouvir.