E como o primeiro programa de uma manhã (ainda) não chuvosa, ele teve de passear com sua mãe e sua prima, mãe de um lindo garotinho de seus recém completos 4 meses de vida.
Pois naquele dia, toda a natureza parecia conspirar para aflorar seu instinto paterno, que ele sabia já ter por adorar crianças desde sempre.
Passeio vai, passeio vem, ruas, lojas, agarra o menino, leva no colo, Meu deus, como baba!, e ele já estava gostando da brincadeira. O pequeno bebê o olhava com grandes olhos de curiosidade, afeição, quase que dizendo Você é louco, como pode nesta idade já querer um como eu?
Conversa vai, conversa vem, e ele fica sabendo de uma oportunidade. Uma assustadora, porém encantadoramente conspiratória (para aquele dia) oportunidade: Meu filho, fiquei sabendo que ela tem problemas e que o médico disse que a solução é ter filhos agora ou esterelizar.
Surpreso consigo mesmo - e já aceitando a teoria da conspiração para aquele dia paternal -, ele se enche de um tipo de emoção nova, um tipo de emoção de fazer algo grandioso... Um filho.
"Quero ser pai!", ele diz sério para a mãe. Ela parece concordar, pois ele se "voluntariou" a ajudar no problema da garota que também quer muito ser mãe. Assim, faria três grandes coisas:
salvaria a saúde dela, saciaria seu desejo de ser mãe e... sua vontade de ser pai!
Ele pensa sério durante a viagem no carro, voltando para casa, num dia (ainda) não chuvoso.
É tomado por uma emoção nova, algo grandioso poderia estar por vir?
Seus instintos se afloram, enquanto ele pensa em como ainda aprendia a carregar e a brincar com o filhinho de sua prima, naquele mesmo dia.
Pois que ele vai ao trabalho e não demora atende uma cliente que lhe pede um livro sobre "como explicar a reprodução humana e a sexualidade para minha filha de cinco anos"...
Realmente, só podia ser brincadeira.
Mas ele sabia: a teoria da conspiração paterna estava declarada e em atividade.
"Quero ser pai!", ele comenta com seu colega.
"Gosto dos nomes Nadia, Letícia... Letícia significa alegria, e Nadia, espírito de luz."
"É, eu gostaria de ter uma menina, e de chamá-la Mariana... tenho uma sobrinha com esse nome."
E ele pensou e, ainda hoje, pensa.
Será possível mesmo?
E se ela aceitar de verdade?
Como será criar uma criança? Quer dizer, os dois têm seus empregos, poderiam fazer um esforço e sustentar um bebê sem problemas. Ele teria todo o carinho e o cuidado dos pais, dos avós que amam este casal de amigos. Sim, amigos - por enquanto (se é que realmente pretendem casar), mas que compartilham este divino desejo.
A conspiração só parou à noite, bem tarde, quando ele já voltava pra casa e o taxista interpelou:
"Ter filhos não é pra qualquer um não!"
Só podia ser brincadeira...!
Mas ele ainda pensa...
E sonha...
Letícia ou Nadia?