Dos 6 aos 10 anos de idade, aquele garotinho tímido, gordinho, que ria de tudo já demonstrava algo em especial: uma sutil aproximação com as artes. Sua criatividade lhe incentivava não só a desenhar, pintar e - mais tarde - ter gosto por música, mas também a fazer planos que o destacariam como um hábil estrategista de negócios indo desde a barraquinhas de venda de doces até planejamento de fábricas onde os empregados eram seus bonequinhos de plástico e suas peças de Lego e Playmobil.
E assim, ele começou a desenhar; na escola, em casa, nos cursos, entre os amiguinhos.
"Olha mãe! Olha, dindinha! Fiz uma árvore, duas dunas e uma casa com chaminé!"
"Que bom! Agora vá terminar sua tarefa de matemática."
"Que droga de problema! Não consigo resolver!"
É, parece que os números o acompanharam como seu único karma até a idade adulta.
Mas isso não o desestimulou aos desenhos, pois ele continuava e bradava a todos que aquilo seria o seu futuro. O pequeno garoto, gordinho, tímido e risonho, na mais tenra idade já começava a se tornar um idealista de mãos cheias. Seus desenhos eram sua razão, seu elixir, seu devir e só não eram mais gostosos do que a geléia com leite em pó que ele adorava devorar com biscoitos em frente à tv, de tarde, na hora do lanche.
O idealismo, a timidez, resquícios de gordura corporal, a capacidade de sorrir, a imaginação – e, claro, os problemas com números - cresceram junto com ele. Mas o menino gordinho se foi, dando lugar a um jovem que hoje se pergunta onde foram parar os desenhos que ele fazia na escola; se acaso foram jogados no lixo quando em uma faxina periódica nos arquivos da escola, ou por algum professor que não via valor algum naqueles "desenhos de criança"; ou se foram guardados por alguma professora carinhosa que amava as artes de seus alunos tanto quanto a seus próprios filhos.
Misturando habilidades, ele começou a deixar sua imaginação o levar a lugares que se tornaram efêmeros com o avanço dos anos, que foram implacáveis, mas que sempre ficaram em algum lugar na sua alma de criança. E após todos estes longos poucos anos, hoje ele se questiona todos os dias sobre seu próprio idealismo - agora escrito por notas em uma pauta musical.
E se você me perguntar onde está este garotinho hoje, com certeza lhe direi: ele está logo aqui... em mim, em você, em todos.
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